«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»
«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
sinto o imperfeito e a pecar vou morrer
num dia em que dormia
ao lado de um santo
pedi ao céu que me mostrasse deus
amaldiçoado apóstrofe (ou seria lúcifer)
- tremeram montanhas na minha boca
um violento sismo se deu
minhas mãos destruídas em cacos
as palavras abanaram na minha alma
e um alucinante desmoronar de letras
caiu dos céus como pássaros na vertical
mantive-me intacto sem receio
não queria desviar-me do purgatório
na espera de me transformar numa prosa:
- meu sangue foi consumido a jacto
começara o tempo em que me sentia morrer
não se ouviu gritos nem o meu gemer
tudo era um branco de silêncio devastado
e num crepúsculo vertiginoso
surgiu a ausência sideral de tudo
e sumptuoso fulgurar de nada
ainda hoje tento me reconciliar
soletrando palavras com deus
- não quero sentir mais terramotos
as minhas marcas já são tantas
há uma alma dorida fragilmente protegida
por ligaduras feitas de leves enganos
um coração que bate e não bate
entre um e outro pensamento de revolta
este prolongamento incompleto de mim
não exausta nem exala a perfeição de deus
ainda temo a calamidade deste estremecer
ainda sinto o imperfeito e a pecar vou morrer
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
a balada que para ti toquei
deixei a janela aberta
e os teus sapatos vermelhos
em cima do piano
com a partitura da balada
que para ti toquei
quando chegares
se a quiseres recordar
deixa o vento entrar
ele tocá-la-á para ti
na clave de sol
em dó bemol, mi menor e si...
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
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