
Distante de tudo
Sinto-me um simples pesquisador
de ódios seduzidos pelas distâncias
do homem neste pequeno espaço
onde todos temos que estar:
interrogo-me se já não esgotamos o amor.
O sentimento parece não ser capaz
de alegrar a almas dos poetas.
Nas veias deixou de correr o sangue
quente que devia aquecer o coração
resfria a garganta tornando asparas as palavras
que trazem a morte ao ouvido.
Quem ainda sente nestes lados
apenas suspeita de uma outra vontade
iluminada pelos olhos da saudade
onde passeiam gaivotas à beira mar
Aqui partiu a luz do dia:
só a noite trouxe este poema
a recordar a memória de um amor
que eu pensei que existia.