
As minhas mãos são de barro
tentam esculpir outras formas
de sentir a poesia…
Moldo formas iguais
e já não sou capaz
de ser diferente
a criar formas reais
ou imaginárias…
As palavras ou se derretem
com o calor imenso da fornalha
ou se partem com frio da alma…
Pego nos cacos
e fechei-os dentro do armário
restam os utensílios desarrumados
na angústia e tortura
das páginas do livro branco
borrado e pisado pelos tempos
(nem há formas de medos!)
Já não posso mais…
As minhas mãos são de barro
os meus sonhos estão partidos
e os meus dedos estão quebrados
Só o forno aceso
a queimar a mentira de um passado
espalhando cinzas pelo fundo
na procura de um novo futuro
As paredes da minha oficina
olham para mim pasmadas:
nem o próprio tempo
apagará estas imagens
que não criei nem existem
- o diferente é sempre igual!