«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

apenas queria escrever eternamente




















apenas queria escrever eternamente
mas, como sempre, não encontro palavras
para exprimir este meu sentir tão presente

oh lua! peço-te tira-me desta aflição!
com os teus raios de luar
escreve pelo tempo esta minha emoção
de tanto sentimento que não sei explicar
e tão pouco consigo começar
as palavras que não quero acabar

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

não me lembro de ser alguém


estremece-me a voz
vejo Satã a tentar-me
neste lento triunfo da noite

minha alma rebelde
é ponta de lança afiada
na tentação suicida da carne

este principio de vida frágil
ferve o ébrio sangue
em doces esguichos de prazer
derramados sobre os túmulos dos anjos

esta paz calma do nada
acorda belas virgens nuas
por baixo do cetim branco
espreitando entre os vidros sujos
das janelas inebriantes da eternidade

e vem gelada a borboleta de bronze
num voo que trespassa a lapide de mármore
e renova-se a vida num pedaço
de tempo que lhe falta…

e o vento frio e invisível da noite
sopra a memória do meu fantasma

já vos disse, não sei se já vos disse?
não me lembro de ser alguém!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

vem-me este sabor




















vem-me este sabor
de silêncios à boca
e o teu olhar penetrante
em meu medo calar as palavras
para as poder ouvir
e sinto o cheiro da tua alma
perfumada de luar
e só assim chego até ti

mas eu tenho que daqui partir
tenho receio de por ti poder
sentir um amor eterno
tão intenso aos meus sentidos
tão demasiado à minha alma

e me faz temer mais ainda
por ser tão breve esta vida
tão frágil este viver
que não sei se lhe resisto
e se o posso deter
pois é tão imenso este sentir
(não, não o queiras sentir!)
em tão pequeno ser
em mim ele não pode caber

domingo, 14 de novembro de 2010

aqui não estou























aqui não estou
é um enganos dos corpos
recorrerem a procura das almas
as almas ocultam-se no sangue virgem
das palavras por dizer
e fica um sentimento por explicar
os corpos exibem os seus atributos
aos desejos dos sentidos
acabando numa violenta sensação
de excitação da carne
e aqui não estou
separei-me algures num poema
entre o corpo e a alma
e registei esse divorcio
no cartório do meu silêncio

num domingo de novembro





















olhava de frente e de lado
queria ver um homem amado
por tudo o que ele já havia deixado

não consegui encontrá-lo
senti apenas o silencio atordoado
que um dia foi raptado e aprisionado
nas margens da loucura da lua

e num domingo de novembro
apareceu aqui sentado ao meu lado
abandonado num papel na calçada…

era preciso este vazio




















era preciso este vazio
eu tive que morrer
para voltar a viver
voltei por outra porta
ainda não me reconheço
ainda não sei quem sou
apenas sei que aqui estou
mesmo que não exista
já na outra vida
e aqui estou
à espera de morrer de novo…
vá, chamem por mim….
- mas com cuidado para vir devagar
eu não sei se vim pelo mal
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