«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sábado, 5 de setembro de 2009

porque não te dás?




















Mulher!
Suplico-te que venhas!

Mulher
vem, peço-te, chega agora,
sem demora

Possui meu corpo
prostitui-me os sentidos
faz-me apenas ficar louco
torna as palavras em gemidos

Mulher

Só eu sei
(mais ninguém)
da falta que me faz
cobrir o corpo de alguém

Mulher

porque não te dás?

Sente estas palavras
não tenhas medo do pecado
o teu corpo será perdoado
por alegrar minhas magoas

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

entre um sonho de emoções























eis-me na constante mentira
aberta entre o meu ser e eu
não sei se o que parece é
ou se é o que parece ser.

não sei se serei este corpo
ou se sou outro corpo de alguém
Será que eu estou a sentir?
ou apenas a pensar que sinto?

só me restam as emoções
para quebrar este divórcio
entre o sentimento e o pensamento

a palavra fala-me do poeta
o poeta fala-me do poema
e o poema fala-me do sonho
e o sonho fala-me de Deus

e assim o sonho fala de tudo
no silêncio sempre ausente

e esta metonímia do meu ser
torna as minhas palavras em nada
esta ideia de ser ou não ser
apaga todas as palavras
que acabo por escrever
e só quem lê o invisível
pode reencontrá-las
por entre um sonho de emoções.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

se eu pudesse




























se eu pudesse
escrever o que sinto
eu faria um poema
imerso no pensamento
de ter tudo
e não querer nada
palavras da voz
do meu silêncio
invisíveis aos olhos
de todos vós
mas onde o poema
renasceria na vossa alma
esboçada pelos contornos
do corpo submerso na água
de um outro qualquer mar
em outro qualquer lugar.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

a primeira vez




















a primeira vez
que olhei vagamente
os teus olhos
senti uma brisa vaga
tão leve como o vento
foi esse o momento
que existiu
foi um único instante
e nada mais houve
que o silêncio vazio
a caminhar
pela tua alma
e a gozar teu corpo

Sentiste?
foi a aragem
do meu silêncio
que respiraste
nesta breve nudez
dos nossos olhos
que se encontraram
nesta curta viajem

terça-feira, 1 de setembro de 2009

sentidos e não sentidos






















a frágil leveza
dos meus sentidos
quebra a palavra
da frase que escrevo
e o poema torna-se
impossível
pela ausência
do seu sentido
ignoro o segredo
da poesia
fico apenas ligado
ao primeiro ser
que se fez Homem
onde reinava a conquista
dos sentidos
e não sentidos

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

teu corpo mudo





















teu corpo mudo
a voz da minha palavra
gaguejada
pela sensualidade
louca que me assombra
deflagra tempestades
de desejos intensos
gemidos da sombra
do prazer violável
tremo, vacilo
no movimento da palavra
para o corpo
frenético agitado
êxtase de delírios
na penetração funda
dos teus encantos
desprendes agora
teus cabelos sobre ombros nus
repousas nesta página
em silêncio e adormeces…

fico eu para te olhar
corpo de menina violada
mulher arremessada de pecado,
grito de um mar para outro mar
para as águas poderem chorar

domingo, 30 de agosto de 2009

ilha de papel




















ilha de papel
perdida no mar
só tu e eu
no imenso azul
o teu rosto é o sol
que refresca a tinta nua
do branco das folhas
e nos arabescos dos peixes
chega teu corpo desnudo
só com o silêncio nu
que me prolonga a vida
e me faz respirar
ai perdido na ilha
através do desejos do mar
e o pensamento do vento
estás presente
na presença da ausência
sou eu em silêncio nu
em obstinado desejo
ávido do teu corpo
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