«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sábado, 29 de março de 2014

adormeço nos tentáculos de m’alma


à beira da praia
sinto o pensamento dos rochedos
e em meus lábios arde a flor de sal
recém-chegada da noite

escorre pela garganta seca de silêncio
a inundar o meu corpo de areia
tentando cobrir esta solidão
da sua incapacidade de expressão

e nas ondas surge um vazio
de uma concha fóssil secular
a rasar a vastidão do mar
onde ferve um tempo reprimido

entrego-me ao fundo do oceano
para encontrar outra luz outra vida
suspensa na densidade das águas

aconchego-me nos limos e nas algas
e preso na rede dos meus sonhos
adormeço nos tentáculos de m’alma


terça-feira, 25 de março de 2014

ao nascer do sol logo pela manhã

como sinto a falta dos teus olhos
a falar comigo com teu olhar
quando perturbavas os meus sentidos
e sentia os teus beijos húmidos
em meus lábios desesperados
e me provocavas tanto... mas tanto
fazendo arder os meus desejos

sem me tocares era apenas o olhar 

como era … sim como era…
a expressão penetrante desse olhar
a deslizar no meu corpo
e a afagar a minha respiração
quando teus olhos olhavam os meus

e tudo o que queria era olhar-te de novo
ao nascer do sol logo pela manhã



domingo, 23 de março de 2014

te quero agradecer

hoje senti infindas saudades de ti
fui caminhar até à praia para ver o mar
não quis escutar as ondas escolhi o ar
para ouvir o teu coração bater em mim

meus olhos abriram-se para o sol a brilhar
e ceguei nos seus raios onde pude sentir
dentro da minha cegueira a luz do teu olhar
lá longe mas perto da tua família a sorrir

neste anseio sinto meus lábios secos
não é o sol que me está a trazer esta sede
são as saudades de acariciar teus seios
entre beijos num campo de seara verde

na praia espero o dia a passar por mim
ao largo olho os barcos já a regressar
sei que eles não me trazem notícias de ti
mas tocam as águas que te irão beijar

ao luar e à beira-mar passam por ali
amantes descalços em corpos abraçados
deixando para trás marcas de namorados
em aroma de imagens que me levam a ti

lá bem alto no céu as estrelas já brilham
e vejo-te perdida sem nenhuma companhia
grito alto mas não sei bem se me ouviram
- olhem! ali sozinha - a minha estrelinha!

fecho os olhos lentamente para te tocar
ponho dentro da minha mão a tua beleza
e guardo o sorriso que me fez apaixonar

 quando um dia senti por ti esta certeza

não sei mais escrever - dizer o que sinto
os verbos ficam presos na dicotomia
de palavras escritas sem qualquer sentido
e apago este poema por não ser poesia

mas sei que é grande esta imaginação
tanta coisa que pode e não pode ser
eu apenas te quis por no meu coração
e só por isso eu te quero agradecer

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