«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»
«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
um poema ao céu
o corpo ferido de amor
pede auxilio à ausência
a morte vem na palavra
soluça a lua de água
bebida no instante sentido
do erro incerto da solidão
e só já respira a noite
a escutar o odor da luz do sol
já ao longe ouve-se o som da flecha
atirada pelo anjo ferido
que caiu na armadilha do sonho
enganado pela mentira do seu destino
e
morreu
e
agitam-se palavras na mão
lançam-se aos medos da solidão
já não falam e já mais não são
que palavras mortas em mata-borrão
mortas pelos silêncios olvidos
procuram um suposto poeta
perdido na ignorância dos sentidos
nas páginas de um livro sem tinta
será que este desejo embrulhado no véu
que a terra enterrou sem a razão da palavra
pela morte estonteante de solidão rara
pode evocar um poema ao céu?
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
DINIEL à beira da praia
há dias em que queria
tanto saber escrever
para expressar este sentir
hoje faleceu um anjo
e não me ocorre dizer nada
é tanto o que sinto não minto
ia apenas a correr
para os braços de sua avó
e foi apanhado na estrada
era tão pequeno - eu não entendo
vou-lhe chamar anjo DINIEL
a viver para sempre à beira da praia
(em memória ao pequeno David Alexandre que faleceu neste dia)
ser que não é mas parece
os cães vagueiam na noite
o amor das palavras dos poetas
de vez enquanto vêm bêbados
vomitar sobre as dores aclamadas
há um dilúvio ao largo que apaga
todas as memórias perversas da fama
de quem se aplaude em delírios de vitória
alguém se atreve atravessar o fogo
que arde no sangue da morte?
quem cospe no que se fala e padece
é um ser que não é mas parece
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
a lágrima que não marca presença
o meu silêncio engravida a esperança
gerada num lamento não correspondido
chama por mim o vazio das almas
penetradas com a devastação do sentimento
a carne grita e o sexo arde
dominado pelo medo que não me ouve
nem todas os textos fazem sentido
há palavras que festejam a sua ausência
fingem perfeitamente o choro sem chorar
e juntam-se à fonte dos murmúrios da poesia
para culparem a lágrima que não marca presença
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
teu sorriso sim
não digas que me amas
apenas sorri
sem que saibas do teu sorriso
quando falo para ti
mas o teu sorriso sim
palhaço
palhaço eu não sou
num calvário de vida
não nasci para brincar
eu vim para desgraçar
as sílabas por dentro
no repouso dos poemas
em que me concentro
palhaço eu posso ser
um outro momento ter
há em mim uma crença
de rir e cantar
e alegrar uma criança
no sofrimento a chorar
riso desta manhã
que calou os pecados
dos berços e dos laços
o céu já está cansado
de palhaços como eu
rendimento e sedento
de promessas de um ateu
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
a imagem mais real de ti
(aconselho a ler ao som da musica da melodia do poema, em piano)
apaguei a luz do dia
para ter a certeza que não era noite
e que eu não dormia
(sonhos da noite são mentira)
então criei um sonho para ti
o mais puro e autêntico
sonhado à luz extinta
destruí todas as palavras
para poderes ser perfeita
enganei as ilusões
para não seres fantasia
a escuridão se disseminará
na noite que está para chegar
e eu tenho a certeza
que mais não vou sonhar
e pela manhã eu terei a leveza
da tua voz e do teu sangue
espalhados nas folhas verdes
que se dissiparam no vento
não há que enganar
amanha vou ouvir a tua voz no mar
onde gaivotas te vão beijar
vou ver o teu sangue no pólen das flores
onde abelhas te vão acariciar
eu saberei ao certo que és tu
porque tudo tem teu nome
gravado na força desta poesia
onde as palavras são esquecidas
para desaparecerem neste dia
não pode restar sombra de duvida
nem o mínimo rasto de mentira
nesta improvável confissão que senti
senta-te ao piano e toca
a melodia de mozart - greensleeves
agora sim tenho esta verdade:
és para mim a imagem mais real de ti
apaguei a luz do dia
para ter a certeza que não era noite
e que eu não dormia
(sonhos da noite são mentira)
então criei um sonho para ti
o mais puro e autêntico
sonhado à luz extinta
destruí todas as palavras
para poderes ser perfeita
enganei as ilusões
para não seres fantasia
a escuridão se disseminará
na noite que está para chegar
e eu tenho a certeza
que mais não vou sonhar
e pela manhã eu terei a leveza
da tua voz e do teu sangue
espalhados nas folhas verdes
que se dissiparam no vento
não há que enganar
amanha vou ouvir a tua voz no mar
onde gaivotas te vão beijar
vou ver o teu sangue no pólen das flores
onde abelhas te vão acariciar
eu saberei ao certo que és tu
porque tudo tem teu nome
gravado na força desta poesia
onde as palavras são esquecidas
para desaparecerem neste dia
não pode restar sombra de duvida
nem o mínimo rasto de mentira
nesta improvável confissão que senti
senta-te ao piano e toca
a melodia de mozart - greensleeves
agora sim tenho esta verdade:
és para mim a imagem mais real de ti
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