Confessei
à vida,
neste sagrado dia,
as vezes que
a vida
me enganou.
Pedi-lhe
que devolvesse
a vida que
ela me tramou.
Mas, nada
convencida,
a vida não pagou
o tudo
que me roubou.
A vida,
como Pilatos,
as mãos lavou,
e com argumento
julgou:
- A vida
que deixei vivida,
jamais
alguém enganou.
A todos dei
a vida certa.
Cada um,
a sua lei,
livremente,
escolheu
e consigo a levou.
Foi condenado
à morte
tudo o que deixei
de viver.
À vida,
pedi-lhe perdão,
perante os factos,
obteve a razão,
mas Pilatos, não teve,
NÃO.
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 11/04/2008
Código do texto: T941478
«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»
«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»
sexta-feira, 21 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
BREVE DESEJO
Num desejo apressado,
pelas horas do tempo que se faz tarde.
Tive um breve desejo de aqui voltar,
era aqui que queria permanecer.
Onde modesto, grandioso sou.
Neste lugar os meus sentidos tudo conhecem,
mas sempre reinicio o meu saber.
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 09/04/2008
Código do texto: T937941
pelas horas do tempo que se faz tarde.
Tive um breve desejo de aqui voltar,
era aqui que queria permanecer.
Onde modesto, grandioso sou.
Neste lugar os meus sentidos tudo conhecem,
mas sempre reinicio o meu saber.
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 09/04/2008
Código do texto: T937941
AS HORAS DO TEMPO
(Relógio: Salvador Dali)
As horas do tempo do meu sentir
Correm no meu velho relógio de parede
Levando consigo parte da minha vida
O tempo ficou sem tempo
E deu lugar ao silêncio
Que nas folhas das arvores escreveu
A vida que me aconteceu…
Hoje o tempo trouxe o vento,
E voando deixei a minha vida…
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 09/04/2008
Código do texto: T937945
quarta-feira, 19 de março de 2008
APENAS HOJE
Hoje apenas queria sentir a leveza
De um anjo a penetrar o meu rosto,
Para tirar de mim toda esta incerteza
Da vida que resguardo sem gosto.
Pedir-lhe-ia o pecado da leviandade:
Que só por um dia me deixasse ser eu
Com a vida que de mim se escondeu,
Atrás da minha alma sem claridade.
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 10/04/2008
Código do texto: T939270
terça-feira, 18 de março de 2008
SEN(TI)
Senti-te de novo
Trouxeste o amor contigo.
Eu deixei mais uma vez de existir
Porque senti a pureza daquele afecto,
levado no pecado de olhar teus seios
opulentos
Querendo esmagá-los entre abraços
e beber o néctar dos teus lábios
Sen(ti)
e os sentidos não mentem,
falam com o coração
através de um grito de emoção
Deixei-te
e fiquei para mim pensando
a pureza não existe
será que eu existo em ti?
O retorno é um equívoco da imaginação
é a ausência de cada um de nós
dentro de cada uma das nossas almas
Este encontro devolveu-me as palavras
não ditas
do passado de fogosa beleza
de musica excessiva dos corpos
Mas neste estonteante
segredo do passado
Eu já acabei perdendo
se não ponho o corpo neste chão
vou acabar por perder meu coração.
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 10/04/2008
Código do texto: T939274
O que estou sentido
Em cada momento da minha vida
Pintei tempestades do olhar que respiro
A chuva que cai agora já não faz sentido
Reclamo as gotas de água feitas de fogo
Que queimaram e molharam o meu telhado de papel
Trespassando as paredes densas do meu coração
Inundando as veias do meu corpo difundo no céu
Só o vento é capaz de ter a consistência plena
Para me proteger da alma que me vem amedrontando.
© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 10/04/2008
Código do texto: T939276
segunda-feira, 17 de março de 2008
BONECA DE PORCELANA
Boneca de Porcelana
Um pouco selvagem
Quando a paixão a consome.
Sorriso sensual, olhar penetrante.
Boneca de porcelana
Carinhosa, doce e frágil,
Espreguiça-se, vezes sem conta
Na cama, antes de se levantar.
Boneca de porcelana,
Entre lençóis de cetim.
Espreguiça-se e chama
Vezes sem conta, e ama.
Boneca de porcelana.
Cada vez que se a olha
Podemos senti-la suplicar:
- Depressa, não percas tempo,
Vem para os meus belos encantos.
Meiga, mas também traiçoeira,
Como as felinas selvagens.
Amável, querida e gostosa,
Tão ardente e voluptuosa!
Boneca de porcelana.
Até os deuses adormecidos,
Ao seu convite para amar
São capazes de acordar.
Amor que faz com requinte
No consolo de cada segundo,
Goza, cada carícia feita
Na sua delicada pele,
Meigos e suaves toques
De uns dedos experimentados
Que nem pouco deixam rastos
Das suas de impressões digitais,
Ouve-se o êxtase dos gritos e gemidos,
De um corpo em estado de choque,
De consecutivas contracções.
Boneca de porcelana.
Os seus lábios, levam fogo
Até ao limite do incontrolável.
(Será que existe esse limite?)
Vulcão, em constante erupção,
Contorcendo-se em espasmos sucessivos
De tantos prazeres loucos.
De uma paixão que vive selvagem
Numa selva de leito encanto
Feita de plantas de algodão
Onde o alimento é o desejo latente
Em cada canto do teu quarto.
© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 04/04/2008
Código do texto: T930745
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