«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sábado, 5 de abril de 2014

num quase nada tornar a ser gente

perdido em ti por um quase nada
a sentir o muito que hei sentido
lembrando as nossas bocas em delírio
na procura delirante da carne alucinada

julguei-me feliz por te sentir assim
com o teu maroto e ardente sorriso
senti todo o universo dentro de mim

quão imenso em tão pequeno paraíso

mas saíste naquele dia - sumiste
quedar-me-ei por ai a andar triste
sozinho pelas tardes ao sol poente

o sonho das minhas noites já não existe
como preciso do pouco de ti novamente
p’ra num quase nada tornar a ser gente

quarta-feira, 2 de abril de 2014

inquieto por ser metade

i
inquieto
espero por ti
aguardo os teus olhos
a olhar para mim

inquieto
espero o momento
do que nunca fui
o que quero ser

inquieto
espero ansioso
aquela paixão
onde ando perdido

inquieto
espero-te à noite,
embalada em meus braços
a matar esta solidão 

inquieto
espero-te alegremente
aqui e agora ávido de ti
querendo-te para mim

inquieto
espero o amor de nós
o que ficou por fazer
o que ainda pode acontecer

ii
espero-te nos meus sonhos
nas quimeras que já sonhei
espero-te no infinito
num céu apaixonado

espero nos destinos nos acasos
nos encontros e desencontros
espero por ti na vasta eternidade
do tempo à procura da verdade

esperei e quero esperar…
esta esperança de ti…
mas quando estiveres perto de mim
deixa-me esperar mais um momento
a olhar-te de olhos fechados
para que os teus olhos
não vejam os meus
no momento tão desejado
em tão esperada saudade
de alguém tão enamorado
tão inquieto por ser metade

terça-feira, 1 de abril de 2014

brincar no teu corpo




uma casa para quê
se é no lar do teu peito
que quero morar
e por lá guardar
os meus brinquedos
do meu tempo de criança

se me ousas abrir a porta
permite-me sair
de vez em quando
para brincar no teu corpo

domingo, 30 de março de 2014

loquacidade desmedida

perdido nas ruinas do sentimento
procuro pedaços do meu passado
na esperança de me decifrar no tempo
na onírica relíquia da minha fachada
escupida nas rochas pelo vento
a morte de uma vida anunciada
numa descoberta arqueológica do presente
vestígios pedestre da minha figura plena
numa acrópole subterrada no mar egeu
onde encontrei a minha face oculta
com a expressão de um sonho futuro
de um homem cheio de júbilo
a tentar prolongar uma vida
adormecida por entre as épocas
e esquecida nos livros de poesia
escritos na cor opala de ónix
e redescoberta numa efígie da terra
em uma nova loquacidade desmedida


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