«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

VAZIO MALDITO





















Tocam-me almas de outros corpos
tentando viver dentro de mim
Sinto que são filhas de Vénus
criminosas de beleza bandida
Penetram meu corpo
tiram-me o afago
sugam-me todos os meus líquidos
confundem-me os sentidos
desinquietam o meu sono
apoderam-se de meus sonhos
estrafegam a cama de forma inquieta
possuem meu sexo, violam tudo
E por serem deusas, deixo-as ficar
e por ali andam nuas todas alçadas
fazendo do meu corpo leviandade
abusando do pecado
Até que me entregue ao cansaço
por onde elas desaparecem
sem deixar rasto ou recado
apenas uma cama e um vazio maldito.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

está frio, não se vê qualquer flor























está frio, não se vê qualquer flor
o branco se consome no tenor de Pavarotti
a palavra congela no hálito sagrado
de Madre Teresa
e entre um cântico e uma oração
discute a terra por uma pétala de rosa

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A TI





























Eu não te consigo amar
(nem tão pouco entender)
abriga-me dentro do teu silêncio
para eu te poder decifrar

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

GRAAL DE MEUS BEIJOS
























Ontem tocavam-te minhas mãos
Hoje outras mãos estarão
na pele macia de teus seios

Ontem meu corpo foi teu
Hoje tens o corpo de outro
a apropriar-se de seus desejos

Ontem meus olhos olhavas
Hoje teus olhos contemplam
sombras de outros presságios

Mas a vida é uma breve passagem
e não é o insípido soturno de hoje
dos meus lábios quentes e solitários
que impede derramar em ti o auge
do doce Graal de meus beijos.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PALESTINA
























Hoje existe
um momento branco na terra
crianças brincando na neve
famílias felizes
beijos de amor
sorrisos que acalmam
qualquer dor
um frio
que dá calor

Hoje existe
um momento vermelho na terra
crianças a correr de terror
lágrimas de famílias oprimidas
beijos de despedida
tristeza irrequieta
humilhada pela guerra
um fogo
que gela a dor

Entre o branco e o vermelho
há um silêncio
que corre em terras de neve
onde nascem rios de sangue.
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