«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A TUA LÁGRIMA MIL
























Porque um dia te vi triste
entre mil sombras da tua alma
que numa lágrima eu senti
presa na escuridão da luz
Mil estrelas em teus olhos contemplei
que me indicaram o caminho da noite
até ti, Deusa da Cassiopeia
E mil anos serão para ai chegar
Mas não há morte que me separe
do sonho que me querem roubar
Só por um milésimo de segundo
contigo quero estar a dançar
nas flores a crescer no céu
em mil jardins de pétalas brancas
Dando forma ao teu corpo brilhante
que mil mundos ilumina
E para mais triste não te ver
nesse dia, deixo-te toda a luz do sol
que há muitos e muitos mil anos
neste lugar, de onde te contemplo,
aqui na terra a tudo dá vida
através da tua lágrima mil
e mil palavras não chegam
(nem mil nem nenhuma)
para descrever essa lágrima tua
em outro qualquer poema.

© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 09/04/2008
Código de Texto: T982158
A TUA LÁGRIMA MIL

quinta-feira, 8 de maio de 2008

ETERNA SAUDADE




























Há em ti uma dor que dói
Em todos os lados a podes sentir
Falei-te de sonhos e da lua cheia
E sorriste por um instante
Mas louco, girei-a completamente
Tornei-a escura, dolorosa e abstracta
Apaguei o teu luar, onde vagueavas outrora
Agora, da minha incrédula figura te afastas
Em neblinas de vasta distancia
Sacudindo as poeiras que te encobrem
Limpando as manchas que te torturam
Todos aqueles dias ficarão perdidos
Inúteis e envelhecidos pela ausência
Afundados nas águas do mar que admiras
Encostados às paredes e muros brancos
Noites e mais noites deitadas para a rua
Desculpa da traição descuidada que fiz sem saber
Como eu pude ser assim, tão inconsciente
Querendo te fazer querer como interessa viver
Sinto a dor e o desgosto ainda no teu rosto
Da partida do nada que um dia de mim chegou
Tentei mas nunca consegui no mar te encontrar
Apenas senti em cada momento o teu pensamento
Eterna saudade que neste poema deixei.

© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 07/05/2008
Código do texto: T978697
ETERNA SAUDADE

quarta-feira, 7 de maio de 2008

AMIZADE PEQUENA


























Não sei o porquê, pouco me importa o que me escapa
Das amizades só conheci as mais pequenas
Aquelas que brotavam entre as mãos e abalavam
Com a chuva para o mar, não eram paixões por peixes
Ou pássaros, era apenas um buraco no universo
doirado e cinzento e um olhar inacabado.
Tudo tem um princípio e o fim
Como a amizade que tenho, a mais pequena
Como se no instante imediato eu tivesse de esperar a sorte
De outra amizade vinda com os pássaros de retorno ao norte
Nada mais, apenas supliquei aos deuses uma casa branca
Onde o vento viesse antes do amanhecer
Onde ninguém chegasse para me poder olhar
Pedi a todos os deuses seus infinitos poderes
Sem a sua compaixão, foi assim que, das amizades,
Das mais pequenas, surgiu um olhar tão lúcido e transparente
Onde apenas um verdadeiro pescador poderia navegar,
Nunca eu, que nem conheço o mar por onde devo andar.
À deriva, nos oceanos te tamanhos imensos,
Eu encontrei uma amizade pequena
Quem segue à deriva talvez se preocupe com a morte,
Que importa, quem se preocupa morre!
Quem não se preocupa morre na mesma!
Não existe a preocupação, a vida é mesmo assim
Vestida de mares para os verdadeiros marinheiros
Mar de espelhos para os pescadores de redes de vidro
Nada deveria terminar sem começar, mas que importa
É assim, uma das amizades, das mais pequenas...

© Jorge Oliveira

Publicado no R.Letras em 07/05/2008
Código do texto: T978716
AMIZADE PEQUENA

terça-feira, 6 de maio de 2008

CAOS



























Meu corpo de células de água transparente,
vinda da nascente do sol em asas de condor,
caminha pela aurora da lua ingente e brilhante;
causando revoltas tempestades de sol nos oceanos,
construindo a ponte entre a terra e o paraíso,
envolta de infernos de chamas de cinzel.
Levado pelo pecado da sede que tenho das suas cinzas
que eclodiram da fonte seca do meu coração;
sucumbo à luz do dia e desfaleço no luar da noite.
Errante caminho durante todos estes anos de vida.
Não vejo, não sinto nada, o que os devotos contam.
Só nestas palavras encontro uma morada de harmonia,
um abrigo diferente no vácuo, onde procuro refugio,
dos vapores inflamantes que corroem meu corpo,
que se encolhe perante toda a sabedoria do nada,
nos tições crepitantes e ardentes que queimam a fina teia,
com que ela bordei as nuvens, de peso inerte, do caos
a fazer o filtro da discórdia entre a luz do sol e da lua.

© Jorge Oliveira


Publicado no R.Letras em 30/04/2008
Código do texto: T968545
CAOS
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