«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

palavra ausente




















palavras
ficam por escrever
gelam na mão
como laminas pontiagudas
que perfuram a mente
e corroem a alma
só o coração
fica a bater
na página branca
do poema
da palavra
submissa
ao sentimento
excesso de poesia
invisível
na visível ausência
da palavra.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Lambe-me a brisa




























Lambe-me a brisa
nesta noite quase fria
caminho embriagado
pelo azul que bebi do dia
as sombras cheias de melancolia
hospedam-se no meu silêncio
a palavra incerta
acolhe o pensamento
e respira o hálito do vento
com uma lufada de odores
vindos de corpos quentes.

Ouvem-se latidos abafados
apanágios das feras
que assaltam pocilgas
e a noite nada de novo revela
e assim continua
a aparência da vida.

Insignificantes estas palavras
que acabam, como sempre
a não conduzir a nada
eu apenas sei
que sou o primeiro e último
a caminhar nesta estrada.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

contradição do amor




























amo quem nunca amei
e amei uma só vez
nos instantes
ainda não consumados
este amor sempre amado
peca por ser demasiado
perpétua contradição
deste amor tão profundo
sempre e sempre inacabado.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um olhar sobre ti




















Um olhar sobre ti
imensos desejos
para consumir
teu corpo
num oceano vazio
por entre rochedos
que espalham
ecos dos teus orgasmos.

salva-me deste vazio
faz teu corpo de mulher
o ventre dos filhos
crepúsculo celular
dentro de outro.

a cama desfeita
pela vontade louca
da sede do sol
que engole a noite
pela manhã.
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