«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»
«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
faz de mim um homem louco
dá-me o teu corpo
entregue aos sentidos
deixa-me ser um leve sopro
nos teus seios pervertidos
um amante descontrolado
em anseio no prazer unido
dá-mo assim calado
aconchega essa nudez
ao elucido gemido
da minha insana insensatez
ternura faminta indiferente
à alma vertida em pudor
que se despe indecentemente
aos sinais lúbricos do calor
como é carente
este sentimento insaciável
intensos segredos da mente
de extrema violência incansável
grito e outro grito vibrante
tomam o teu corpo violável
é neste instante inconstante
em que eu peço o teu corpo
só por pouco, muito pouco,
faz de mim um homem louco
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
demasiadas palavras
demasiadas palavras
surgem no poema
demasiado sentimento
que incinera a alma
tão demasiado este livro
ainda não começado
folhas e folhas de palavras
já lidas e ainda não escritas
é demais esta voz que fala
que extrai todos os sentidos
e se arrasta nos olhos cansados
da leitura inexplorada do nada
feroz é o fogo, o sangue que corre
nas linhas do papel branco
esperando um sinal da vida
ou um pronuncio da morte…
… é tão simples este viver
e são tão demasiadas as palavras
será que o silêncio vem ao morrer?
terça-feira, 17 de novembro de 2009
dentro de casa
chego à noite
e tropeço nos corpos da rua
peço licença para entrar em casa
tento esquecer o que me lembro
e lembrar do que não sei
abro a porta e existe o momento
que expulsa a memória
dos braços no ar que não consegui
salvar no mar lavrado pelas palavras
deixados lá fora no inferno real
eu entro com a improvável certeza
do abandono dos fantasmas de dia
branca toalha que me limpa o corpo
para não me confundir com o de outro
reconheço pouco a pouco os meus dedos
os meus braços que se abrem como asas
na cor incerta do crepúsculo fosco da luz
como cinza que cai na falsa linguagem
pintada nas paredes das ruas de fora
A cal ferve agora dentro de casa
mesmo que não me reconheça
reprimo a imagem do meu reflexo
onde há-de guardar o não sei quê
de um corpo no exterior em falta
pouco importa o significado desta alma
letal lá fora com o som da palavra
mas viva em silêncio dentro de casa
vemo-nos de novo por ai
este silêncio inquieto
confundi-me o sonho
a vida pertence aos náufragos
da terra, perdidos no sono
no frágil azul do dia
basta-me este leve sentimento
dos meus místicos sentidos
qual insuportável peso
da perda de um amor ferido
foge pássaro mutilado
abana as asas e voa
abandona os meus dedos
não te despeças de mim
vemo-nos de novo por ai
em outro qualquer fim
domingo, 15 de novembro de 2009
roda da vida
é um corpo
a arder
em palavra
com ele
a morte de
risos e lágrimas
sentidos vividos
na incerta ilusão
na sombra da noite
à beira de ser dia
és tu que vens
e que vais
neste rodopiante
estontear
da roda da vida
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