«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sábado, 19 de abril de 2008

PALAVRAS BRANCAS





















Fujo das palavras
que me secam a alma
que conversam comigo
antes de escrever
Discursam e discursam
lado a lado
Por fim só
O absoluto silêncio
interrompido
pelo som oco
do pousar da caneta
em cima da mesa
na folha branca
que me enche a alma

© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 18/04/2008
Código do texto: T951240
Poema sem Palavras

sexta-feira, 18 de abril de 2008

UM SEGREDO!





















Pssiu!
Vou-te contar um segredo:
Sou eu o teu silêncio.
Não precisas dizer nada.
Vou dizê-lo baixinho,
Mesmo sem saberes,
Guardo as tuas palavras
Na minha tela colorida.
Cuido do teu silêncio
Neste sossego inquieto
Palavras já foram ditas,
Outros ficam por dizer.
Mas, o que são palavras,
Se nada nos podem conter?
Coisas na vida existem
Que não serão explicadas,
Como este silencio falado
Neste poema sem palavras
Onde tudo pode existir
...E quem sabe também sentir.

© Jorge Oliveira

Publicado no R.Letras em 18/04/2008
Código do texto: T951119
UM SEGREDO!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

VEM AMOR!





















Vem amor! Amor vem! Grita a minh’alma
Muito baixinho, p’ra ninguém ouvir.
Há o desejo, bem vês, bem o podes sentir,
Da vontade de te ter que não se acalma.

Espero-te aqui e agora, sem demora
Com gestos deleitosos e de grande tesão.
Leva-me ao êxtase o meu corpo em aflição
Beija-me… desflora-me a toda a hora.

Deita-te comigo na cama desta aventura,
Rodopia-me com os teus toque de ternura
Afaga o som dos gemidos deste momento

Leva-me aos infernos e a todos os céus!
Arde-me… ama-me… despe todos os véus…
Deixa p'ra lá o pudor deste querer sedento.

© Jorge Oliveira

Publicado no R.Letras em 17/04/2008
Código do texto: T949322
VEM AMOR!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

INSTANTE






















Neste instante vejo-te aqui a meu lado.
Vieste viver junto a mim e agora,
Trouxeste contigo uma nova aurora,
Queres ter a minha vida a teu cuidado.

Expulsas da minha frente os abrolhos
Desta estrada agreste, deste caminho duro.
Onde nada vejo, seja noite ou dia escuro
Mas tu guias-me com o olhar de teus olhos.

Como é bom sentir-me sair desta amargura,
Em forma de milagre feito com doçura.
Obrigado por me teres dado a mão assim.

Quando um dia partires, deixarás saudade,
De todo este instante de verdade.
Saudade eterna que nunca terá fim.

© Jorge Oliveira

Publicado no R. Letras em 16/04/2008
Código de Registo T947845
INSTANTE

terça-feira, 15 de abril de 2008

REVOLTA
























Tenho sentido grande tristeza,
Jamais consigo rir por mim.
Mesmo sabendo da grande beleza
Desta vida infinita que não tem fim.

Como dói esta grande verdade,
Da vida que se quer derradeira.
Só me resta sentir a saudade
Que conduz a minha vida inteira.

Falam-me da magia do amor,
Mas eu não lhe sinto o sabor.
Apenas algo que em mim solta…

Um sonho achado muito real,
A querer levar-me a sentir mal
Num soneto feito com revolta.

© Jorge Oliveira

Publicado no R. Letras em 15/04/2008
Código de Registo T946437
REVOLTA

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O PEQUENO-ALMOÇO DE HOJE



















Joguei o jornal para o lado, pois fez-me mal,
As palavras da vida humana em tom tão formal.
Folhas moídas de tinta preta a saírem sem versos,
Alvoroço de vocábulos lacados em sons diversos.

Hoje quis a mesa limpa de papéis, sem Jornal.
Como me soube bem esta manhã mais serena!
Bebi e mastiguei ao pequeno-almoço o actual,
Sem notícia e sensacionismo atroz … só a paz plena.

Hoje expirei o começo do dia da insana loucura
E inspirei o mundo da harmonia com a existência.
Despido da vida que se lê curta, mas assim mais dura.

Hoje não senti as palavras a vencer a transcendência,
Foram só palavras vazias sem supremacia nem postura,
Sem nada incompleto ou excessivo de dita conveniência.

© Jorge Oliveira

Publicado no R. Letras em 14/04/2008
Código de Registo T945262
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