«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sábado, 6 de dezembro de 2008

ANSEIO




























Aquele dia em que partiste
e, quando foste,
toda a noite eu velei,
mas não te vi partir
- nem tu me viste.
Eu fiquei sozinho
a vigiar a estrada, o mar
olhos perdidos no destino
que trilhando seguiste
uma ausência longa no ar!
Partiste.
Meus olhos cheios
de longa espera
pudessem algemar-te os passos
à voz distante do meu anseio,
como ao velho muro
do teu sonho antigo
uma saudade minha se prendeu
qual folha de hera! …

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O MEU PROBLEMA




























Neste momento
guardo a gravidade
dos teus negros olhos
e as arestas do teu cabelo
Curvo-me perante um corpo
moldado e rectilíneo
de ângulos impróprios
à matemática exacta.
Sobrepõem-se as tuas pernas
ao triângulo da tua volúpia
e os bicos firme dos teus seios,
na blusa de alças molhada,
tentam arranjar soluções
para abrir mais uns botões.
Os pés nas tuas sandálias
deslizam nas bases dos teus ombros
vincando o ventre com lisos planos
Peço-te, pára por aqui!
Não comprimas os lábios
para em compassos loucos
de círculos de língua
os tornar mais húmidos…
… E a tua alça decaiu mais um pouco
e já nada mais consigo decifrar…
Todos os teus pontos se unem
num só obra desenhada das mãos
de quem me fez sentir o calor
e o cheiro das linhas, das curvas
e ângulos da tua pele.
As perícias das tuas formas
baralham o meu saber das ciências
(terei que rever tudo outra vez).
Agora és um problema
que tanto me atrai
que jamais quero encontrar
qualquer solução.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

TOCA-ME




























Toca-me, bem leve
Com a tua pele.
Não me condenes
a olhar-te para sempre
sem poder sentir a tua nudez.
Quero apenas lembrar
agora e eternamente
este momento de perfume
em que abandonas
a roupa pelo chão
que piso em mar de flores.
Surpreende-me com o teu corpo
de sol ardente que vem
acudir o fogo de outro sol.
Deixa deslizar meus dedos
nos teus voluptuosos seios.
Não me deixes esperar mais,
os meus olhos já viram demais,
em cada dia que passa
há sempre um bater aflito
de um coração cansado
de olhar sem poder tocar.
Pousa as tuas mãos
num pousar que nada vê
nem nada mais ousa pedir
a não ser um breve tocar…

Eu juro, eu não queria
mais um dia de solidão
nos olhos que fecharam
e deixaram uma lágrima
em segredo fechada na mão.
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