«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sábado, 15 de dezembro de 2012

os sonhos e as palavras


quero despedir-me das palavras
que digo eu mais que um poeta?
afinal são só palavras em vão
as que saem de minhas mãos
 confundem as emoções
e enganam esta solidão 

enquanto existir o sonho
as palavras não são necessárias

por esta constante negação
cremo as palavras no forno da ilusão
infundido suas cinzas no mar
para  jamais voltar a aspirar
esta imperfeita comunhão
entre os sonhos e as palavras

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

só sei de uma flor


 
esqueci que te amei

não sei que tempo

ou lugar perdido

qual razão de minha morte

regressei para te amar de novo

não sei que corpo

ou alma perdida

qual razão da minha vida

 
só sei de uma flor

que por mim foi concebida

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

não venhas


não venhas
assim para mim
pode não dar para resistir
quero antes não te ver
de que não te poder ter
não saias dai
nada de ti quero saber
para o meu desejo conter

não te insinues a mim
não não assim
és tentação
pura provocação
e eu sou fraco tão fraco
não o sentes?

eu não resisto
não apareças
peço-te muito mas muito
não ... não...

não venhas...



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

onde viva eu e ela


quero um inferno
para arder
um pecado são
por insana paixão
de há 700 anos
vinda de bela mulher
de um templo
greco-romano
onde se entregou
ao amor profano

em todo este tempo
eu a tenho procurado
sem a ter encontrado
e neste contratempo
eu deixei de ser amado

Petraca me amou
inspirada por Orfeu
hoje ainda me segue
sombra de minha sombra
a encarnar o que se deu
esta constante ilusão
do desejo da mulher bela
para eterna adoração
é uma contradição
desta minha confissão

tal mulher não encontro
é engano este desencontro

que exista outro presente
do passado já ausente
num futuro existente

onde viva eu e ela


sou crepúsculo


 
sou crepúsculo

esquecido no frio

a aquecer a escuridão

um ato de contrição

para perdoar a vida

que por mim não é vivida


 
 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

escreve hoje por mim

hoje não consigo escrever
e talvez nunca tenha escrito
o que o verdadeiro poeta sabe fazer

as palavras já escritas
podem ter nascido de um corpo aflito
de fortes dores líricas
de não sentir o toque de ninguém

as palavras já escritas
podem ter nascido de uma alma silenciosa
que caiu do céu da solidão
por entre um e outro sonho em vão

hoje empresto-te a caneta
para eu ter esta certeza
que não é mais uma falsa faceta
estas palavras de amarga tristeza

por isso peço-te tanto e tanto
escreve a minha eterna saudade
das lágrimas por amor choradas
das estrelas vermelhas da noite
feitas da cama das paixões passadas

pega na caneta por mim
pois eu sou tão imperfeito
a escrever o meu sentimento
e não o consigo fazer sem ti

é este imenso tormento
que me impede o momento
de saber escrever o que sinto

já te dei a caneta...

- por favor 
...escreve hoje por mim
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