«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

quarta-feira, 3 de junho de 2009

assim sou eu...


























Porque grito o silêncio
que me persegue na vida?
Porque oiço as palavras
que não digo ou escrevo?
Porque recorta o tempo
o papel sempre branco?
Se ao menos eu fosse corpo
teria a sombra para falar
e podia ler a minha sina
espalhada pelo chão.
Mas sou apenas alma
cativa em meus mistérios
querendo ser tudo e nada
no absinto das veste de um homem
que se cala no sonho
que sonhou ter sonhado…
E assim sou eu!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

um novo olhar...























Andei à tua procura
E nesta busca incessante
Em que julgava distante,
Fui encontra-te neste dia…
Vinhas nu, cheio de sangue e só,
E naquele momento senti a magia
Do amor a purificar o pó…

Comovido, por tanta alegria, não ri,
Peguei-te ao colo e sai
Meio confundido e aturdido,
Queria que te sentisses aquecido…

Entreguei-te à tua mãe
Embora não chorasses e não sorrisses
Ela sabia concretamente
Que eras o seu filho…

Na ânsia de ao colo te pegar
Olhou-te, sorriu-te e achou-te parecido comigo
Senti que querias dizer-nos segredos…
(afinal os bebés não falam)
Não falavas, mas tinhas ar de graça
a graça que se fitou diante de mim

E agora tu eras ele a quem eu, sem experiência,
tinha que tratá-lo…
E assim… com ele nos braços, permaneci ali
a dizer a toda a gente
como era lindo no meu embalo
Compreendi, então, que devia
traze-lo ao seio da família
e dizer que aqui está
quem vai encher o vazio da minha vida….
E ele sorria...
ninguém entendia o que queria
mas eu sentia o calor do seu corpo
frágil, despido e a querer falar…
Queria entender a mensagem
naquele pasmo de inquietação
auscultei-lhe o coração
e por fim ouvi:
- Eu sou teu filho,
nasci para trazer amor…

Parecia que ninguém entendia…
mas ele nos meus braços sorria
e mais dizia:
- Começou a viagem
sem bilhete de passagem…

Sai pela porta do hospital
que ali já me sentia errante
há tanto enfermo a quem a morte espreita
e vive agonizante e sem esperança…
(e há pouco muito pouco nasceu uma criança)
haja luz na sua cama estreita…
Mostra-me mais ali…
São presos na cadeia?!
Sim, homens vítimas de si e de uma ideia
que ainda não sabem que nasceu outra vida…

Há neste mundo gente a mais com fé perdida…
e em espeluncas e catres de tortura
sórdidos de vícios um aceno de ventura
será que na tua vida há paz e amor?!
Não te posso garantir a renovação
e a exaltação
de tudo o que é de valor!

Quanto de humano existe no coração
de aceitável e generoso,
de quando é agradável e bondoso…
Tu nascente como esperança…

...Não devias ter percebido
as minhas palavras sem sentido...
...e adormeceste!...

Quando pensei que ainda dormias
pude ouvir:
“Para onde me levas?”
Para casa, respondi já nervoso,
Tão pequeno e já tanta inquietação
- Vês aquelas estrelas no céu
tu hoje estás a vê-las brilhar
mas um dia a vergonhas bate-lhes à porta,
mas que importa
tu és a coisa mais bela, uma verdade
o brilho maior de todas as estrelas…
és filho do céu, uma vida que nasceu
da vida de outra vida pela vontade…

E assim despeço-me com um beijo em sua face
de tal modo o beijo foi ardente
de tal maneira ele o sentiu
que abriu os olhos castos de repente
E sorriu… sorriu…

Este beijo que te fez acordar
veio da doce estrela brilhante do mar…

…Não escutes as minhas palavras
elas nada dizem ao teu olhar…
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