«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

NO FIM DE PORTUGAL






















REI MOURO:
Eu sou o Rei que consagrou a Lenda
e baptizou a neve Moirama
na grande oferta que serviu de prenda
à Dama da Tristeza - à minha Dama...

E o nosso grande amor que foi cegueira
Ressurgiu deste sonho convertido
de verde-azul em doce amor-florido
no branco tom da flor da amendoeira.

RAINHA:
Eu sou a neve
sem tempo e sem idade,
a luz duma só cor
que num êxtase de amor
me fiz mãe da SAUDADE...
A neve que veio do Norte
e fez noivado com o sol
e vencendo a própria morte
inspirou a sementeira
da luz, feita arrebol,
na flor da amendoeira...

SAUDADE:
Saudade... assim me chamaram.
Não dou saúde a ninguém;
nasci daqueles que amaram
e hoje não tem ninguém...
De norte a sul, que me importa
a velhice ou a infância,
se eu vivo, batendo à porta
dos que vivem na distância...

Por isso aqui... sou a neve
que vem dar consolação
a quem na vida não teve
a vida na própria mão...

ALGARVE:
Eu sou o Algarve! O Reino em que reluz
o manto apetalado e florescente
dum sonho azul e branco de Oriente
em filigrana aberta a rósea-luz...

A Lenda transformada em sol-poente,
- cristalizado incêndio de mil cores _
a neve a gotejar cachos de flores
no linho esfarrapado e alvinitente...

Neve Algarvia!... leve e perfumada
como donzela pudibunda e ruborada
que oferece a toda a gente o branco véu.
Eu sou o moço Algarve enamorado
donzel que vai casar e faz noivado
pondo as toalhas no Altar do Céu...

PORTUGAL
(Conjunto de Províncias):
Romeiros da Pátria inteira
trazemos a alma toda
para aquecer na fogueira
da alva e rósea boda
da flor da amendoeira
e levamos a saudade
o amor e a alegria
que nos dá a mocidade
da branca neve algarvia.

AMENDOEIRA BRANCA:
Eu sou a flor de neve condensada,
Sonho dum rei leal e apaixonado.
Fiz do amor um êxtase de alvorada
vestindo todo o campo de brocado.
Eu sou a amendoeira, de pura raça,
que deu vulto ao sonho de exilado
e sou da terra agreste a linda Fada
que perfuma os caminhos de quem passa...

AMENDOEIRA COR-DE-ROSA:
Eu sou o místico desejo
da cor feita saudade
da princesa prateada;
foi ela... dando-me um beijo,
que me fez ruborizada...

CONJUNTO DE AMENDOEIRAS:
E neste Algarve ridente
desde a serra até ao mar,
somos a luz permanente
que damos a toda a gente
a brancura do luar...
Vinde até nós,
Ao Reino de Chenchir,
Vinde ver florir
a Primavera do frio
que não tem par nem igual:
o Sonho da Pátria Nova
que remoça e que renova
o nosso Portugal
no branco inverno algarvio...

Poema de: Padre António Oliveira

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

NEVE DO ALGARVE






















Eu sou o Algarve!: O Reino em que reluz
O manto apetalado e florescente
Dum sonho azul e branco de Oriente
Em filigrana aberta a rósea-luz...

A Lenda transformada em sol-poente...
- Cristalizado incêndio de mil cores,
A neve a gotejar cachos de flores,
No linho esfarrapado e alvinitente ... -

Neve Algarvia... leve e perfumada,
Como donzela pudibunda e ruborada
Que oferece a toda a gente o branco véu ...

Eu sou o Moço-Algarve enamorado,
Donzel que vai casar e faz noivado
Pondo toalhas no altar do Céu...

Poema: Padre António Oliveira
© Imagem do autor

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

AMENDOEIRAS






















Luar de Almendra
E cor de Alhambra
É flor de lenda
Que me lembra agora.

Canto de horta
Ou vergel em for,
É flor na porta
E aroma de mel...

Zumbido de abelha
Arrecada de pólen
Pétalas na telha
A escorrer abdómen.

Viveiros de luar
Respigando estrelas,
Luzeiros de velas
A brilhar... a brilhar...

Desmaio de cores
De pétalas mortas
São fruto de amores
A bater às portas...

……………………

A flor, mesmo quando fria,
Dá calor à casa inteira:
Esta flor da amendoeira
Aquece a terra algarvia...

Poema de: Padre António Oliveira
© Imagem do autor

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

FLOR DE AMENDOEIRA






















Flores de amendoeira em minha mesa,
Achei-as na brancura que me enleva.
Aqui... é sempre inverno e a natureza
Tem cor e brilho só na flor da esteva...

Vim encontrá-las, cheio de surpresa,
E antevi a Serra toda em flor:
O Algarve transformado na leveza
De véus de noiva na Capela-Mor!

E o incolor da minha nostalgia
Mudou-se em alvoroço, em pleno dia,
Na fantasia de longínqua Lenda...

Do alto desta Serra, olhando ao largo,
Vejo a Rainha erguer-se do letargo
Com pétalas no seu mantel de renda...

Poema: Padre António Oliveira
© Imagem do autor

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

BRANCO E ROSA






















Hoje
passei por ti e sofri
à tua beira
a chuva das pétalas perdidas
que o vento deitava pelo chão...

Trouxe algumas em minha mão
e apertei-as, tristes, delidas,
enroladas, desmaiadas, descoloridas,
enxovalhadas... as vidas
das flores da amendoeira...

Mas olhando em redor,
Vi o chão todo em flor,
como se alguém, às braçadas,
juncasse caminhos... estradas...

E todas a delirar,
Qual delas mais generosa,
(Se a branca se a cor-de-rosa...)
Lançavam pétalas ao ar!

E era bem manifesta
Esta vontade florida
de bailar, em ar de festa
da mais pequena à comprida!

Depois,
passada a festança,
passei por ti outra vez.
Já não vi festa nem dança,
Só tinhas troncos e pés...

Mas amanhã,
creio bem,
(Toda vestida de verde)
Tu saberás ser a mãe
da esperança que não se perde!

Poema: Padre António Oliveira
© Imagem do autor
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