«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

...OUTRA MANHÃ CHAMANDO POR MIM!






















Esconde-se o meu silêncio
nesta manhã clara.
Enfeitam-se os beijos
(escorrendo no chão)
para os meus desejos.
Escombros erguem-se
em volúpias de segredos:
elevando jardins de cetim
que crescem entre lençóis de medos.
Ascende-se o som dos tambores,
a uma qualquer vida inacabada.
- Já há muito se ouvem rumores
de uma serpente encantada
que degluta todos os desejos,
numa qualquer madrugada.

© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 30/07/2008
Código de texto: T1104540
"...OUTRA MANHÂ CHAMANDO POR MIM!"

quinta-feira, 31 de julho de 2008

CÁLIDO VERÂO





















Tarde quente.
- Desejo ardente.
Lábios vermelhos,
em beijos perdidos,
por entre as planícies.

Amor que se derrete
por entre o mel
escorrendo no teu ventre,
de morango encarnado,
no teu umbigo untado.

Volúpia latejante
em constante frenesim,
agora sim, vem até mim:
quero-te assim
mulher de mitos
fazendo ciúmes ao infinito.

Uivos do sol,
que chamam a noite,
a esconder teus seios,
- esperando as mãos
frescas de desejos.

Perfilam beijos
e sexo de amante,
nesta tarde quente
de cálido Verão.

© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 02/07/2008
Código de texto: T1061452
CÁLIDO VERÂO

quarta-feira, 30 de julho de 2008

OLHAR SEM ENGANO






















Um dia o meu olhar
pousou nos teus olhos.
Ali ficou demoradamente,
como uma ave leve e suave
que distante voou,
ferida pelo pleno azul
do indefinido céu transparente.
Um ou outro traço ficou
em forma de vaga imagem
desenhada pelo teu olhar.
O meu sentir foi tanto,
perante tal encanto,
que esqueci a palavra engano.

© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 02/07/2008
Código de texto: T1061443
OLHAR SEM ENGANO

segunda-feira, 28 de julho de 2008

TRIO DE PALAVRAS





















Adormeci num trio de palavras,
que queria escrever,
e agora, o que vou dizer?
Talvez pensasse que o sonho,
num frémito despertar,
me trouxesse a mística
das três palavras que perdi.
Como é fértil a inspiração,
naquele estado paradoxal,
dedilhada por palavras
em imagens de magia.
Entre luz e sombras claras,
esboroaram-se no escuro fundo,
entrando para um outro mundo.
Senti que formaram o caos,
assim como faziam a harmonia
(será a Santíssima Trindade?).
Serão três palavras em gritos altos,
ou puros silêncios da vida?
Nunca o chegarei a saber.
Mesmo que um dia me surjam,
vou de novo volta-las a perder,
e assim, onde começa
e acaba a minha poesia?

© Jorge Oliveira
Publicado no R. Letras em 25/09/2008
Código de texto: T1050469
TRIO DE PALAVRAS

domingo, 27 de julho de 2008

A SÓS


Como me sinto bem
neste momento, sem receio.
Aqui neste instante, a sós,
abandono todo meu anseio.
Posso, em tom alto de voz,
quebrar o meu silêncio,
sem que alguém ouça as palavras
de todas as minhas mágoas.
Não endoideço - nem me padeço.
As incertezas são certezas.
Tudo posso esquecer,
já que tudo o que é tem que ser,
entre os gritos deste lugar
(onde ninguém pode responder).
Deixo as palavras no ar
entoando uma canção
ao som das sinfonias de Bach,
em acordes fugidos do coração,
a vibrarem na direcção
de um mundo sem destino.
Não sei onde é - nem o conheço.
Que importa, seja a onde for.
Hoje sou tal como sou
- não chamem por mim
(eu daqui não vou),
aqui vim, aqui fiquei e estou.

© Jorge Oliveira
Publicado no R.Letras em 23/06/2008
Código de texto: T1048076
A SÓS
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