Três horas da manhã noite quente vontade ardente Ela tinha surgido de um sonho ainda não adormecido. Ah se as suas palavras irrequietas de desejo, pulsantes de sensações, pudessem transformar aquelas quatro paredes num mundo de emoções indetermináveis: - loucura ou sonho - vontade ou desejo Penetrar dentro dela, cheirar a sua poesia possui-la palavra a palavra rasgar os seus versos morder as suas profanidades com os anseios da minha carne na sua verdade ardente é o meu sonho indeterminável… Eu senti-a tanto que perdi na noite o meu respirar Olhei a lua e senti um beijo seu que me devolveu o ar que asfixiava o quarto. Retornei a olhar e reparei que ceguei era ela tão erótica que surgiu em lua ou no luar do seu mar O quarto ficou em silêncio uma parte de mim partiu sem outra parte de mim: - foi amar o que nunca antes tinha amado e sonhar como nunca tivesse sonhado.
É dia de verão condeno o calor ardente do meu corpo em ti ele chegou depois e nunca veio antes e hoje ele não vai chegar esperei antes de te ter tive-te depois de não puder ser. Perdi o lugar onde te esperava só me resta o amparo do horizonte já não chegas e as ondas tombam de saudade. Eras tu que fazias nascer as manhãs aquecias o Sol com o teu corpo enlaçado nos meus braços e os teus lábios nos meus avinhavam a tarde quente. Anseio num repouso em que já não te aguardo aperta a água salgada na minha boca a conservar a palavra para que se preserve intacta até que a lua beije teus lábios e nessa noite um só desejo numa paixão já marcada que vai despindo a roupa que cai para o lado e o meu corpo se deita no teu …e me condeno tanto amar assim é castigo! E o meu grito afoga-se com a maré, o meu silêncio voa agora na gaivota que repousa nas águas do mar Peço-te, as minhas palavras sempre foram crime, abate-me com o teu último olhar
Há um pouco de ti que é muito. Incapaz de chegar até ti guardo para mim o pouco de ti que posso receber, um quase nada que é tão imenso. Este pouco qb, vindo de ti, é tão grande que não encontro espaço neste universo, nem do universo dos universos, para o reter. De onde vens? Quem és? Eu de ti nada sei. E apenas agora com tão pouco, eu que pensava precisar de muito, apenas quero um pouco de pouco do pouco que me dás. Tudo o que chega para perceber todo o sentido dos meus sentidos… E tão pouco sei quem és… és apenas a última sílaba do silêncio do meu último gemido de orgasmo
Só mais uma vez o sabor dos teus lábios nos meus e nus e rijos teus fartos seios em aperto nas minhas mãos ...só mais uma vez! Pudesse eu ser teu e na tua cama a minha pele a despir a tua de puro desejo as almas esquecidas e os corpos com os sentidos a descer o desejo e levitar as almas das mãos em brasa pelas carícias do tocar da nudez da carne ...só mais uma vez! Não há o lugar para as almas Mas os corpos, os corpos se unem fundo galgando margens até tudo ser mar Corpos tatuados de imagens embriagadas pelo sémen e o clítoris latejante de frémitos espasmos e um silencio demorado sussurrado pelo orvalho da carne e o corpo jamais nega eréctil falo na húmida vulva o sabor de tudo começa aqui no delírio do sentir de todas as vibrações Qual alma que respira o êxtase é do excesso do sexo só os sentidos falam… ...só mais uma vez! O tempo não é breve nem longo as horas inundam as veias perfumes, odores, sentidos… os gritos que ainda se escondem dentro do sexo das nuvens… que por vezes numa brisa toma a tua forma despida e te folheia folha a folha em som da voz a chamar por ti ... só mais uma vez! E tanto amor fizemos que não coube nesta vida ambos tivemos que morrer para nascer outro dia talvez Este tempo sem testemunhas que quase não passou por aqui apenas esta ausência profana que ainda arde e viola todas as leis… ...só mais uma vez!