«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

fim de mundo foi adiado




esperando o fim do mundo
fui a uma igreja rezar
sozinho ali estava diante o altar
o meu olhar fazia eco perante as colunas
arcos, abobadas naves e vitrais
tudo acabaria dentro de segundos
senti passos de alguém a entrar
desviei o olhar para trás
e vi que Schubert me quis acompanhar
dirigiu-se para o órgão de tubos
que enchia uma capela inteira
e começou a tocar a serenade
e o som calmo daquela serenata
e a brisa que vinha dos claustros
fez-me esquecer o holocausto
e sem que me tenha apercebido
tinha chegado outra companhia
Van Goh estava a meu lado
a pintar aquele quadro
como nunca outro havia pintado
e naquela calma aparente
ouve-se um estrondo de repente
que parecia vir do lado de fora
meu coração acelerou -  fui à porta
ouviam-se gritos de todo o lado
era agora - fiquei muito assustado
olhei em frente e vi um acidente
alguém gritava: Hitler foi atropelado
fiquei bem mais aliviado
quase me borrei ali todo
a pensar que o fim tinha começado
mas a olhar para a esquerda
vi o Stalin a sorrir
e tornei a ficar desconfiado
desviei o olhar para a direita
vi Rasputin decapitado
agora estava descansado
os Maias haviam-se enganado
entre o sério e o bizarro
o fim de mundo foi adiado

1 comentário:

Por Amor disse...

Meu amigo Jorge És realmente surpreendente até no seu discorrer com um jeito belo encontras de poetizar o fim do mundo ...muito bommmmmm Um abraço Pedro Pugliese

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