«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

segunda-feira, 17 de março de 2008

BONECA DE PORCELANA




























Boneca de Porcelana
Um pouco selvagem
Quando a paixão a consome.
Sorriso sensual, olhar penetrante.

Boneca de porcelana
Carinhosa, doce e frágil,
Espreguiça-se, vezes sem conta
Na cama, antes de se levantar.
Boneca de porcelana,
Entre lençóis de cetim.
Espreguiça-se e chama
Vezes sem conta, e ama.

Boneca de porcelana.
Cada vez que se a olha
Podemos senti-la suplicar:
- Depressa, não percas tempo,
Vem para os meus belos encantos.
Meiga, mas também traiçoeira,
Como as felinas selvagens.
Amável, querida e gostosa,
Tão ardente e voluptuosa!

Boneca de porcelana.
Até os deuses adormecidos,
Ao seu convite para amar
São capazes de acordar.
Amor que faz com requinte
No consolo de cada segundo,
Goza, cada carícia feita
Na sua delicada pele,
Meigos e suaves toques
De uns dedos experimentados
Que nem pouco deixam rastos
Das suas de impressões digitais,
Ouve-se o êxtase dos gritos e gemidos,
De um corpo em estado de choque,
De consecutivas contracções.

Boneca de porcelana.
Os seus lábios, levam fogo
Até ao limite do incontrolável.
(Será que existe esse limite?)
Vulcão, em constante erupção,
Contorcendo-se em espasmos sucessivos
De tantos prazeres loucos.
De uma paixão que vive selvagem
Numa selva de leito encanto
Feita de plantas de algodão
Onde o alimento é o desejo latente
Em cada canto do teu quarto.


© Jorge Oliveira




Publicado no R.Letras em 04/04/2008
Código do texto: T930745

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