«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

quinta-feira, 3 de abril de 2008

FICAS-ME NA PAISAGEM






















Subitamente ficas-me na paisagem
Vejo-te assim neste dia no meu tapete de sol
Vejo-te sem corpo, sem alma, flutuando entre os céus
E olho os teus olhos quentes e profundos
Tens luz e sede, tens brincos de pétalas brancas
Não há linguagem para falar de ti, tal como és
Assim, tão inquieta pela palpitação da vida
Com a tua pele perfumada e fresca como a água

Sei que não estás longe, meu mistério fiel
Fonte ardente, neste dia de verão quente
Refresca-me nesta paisagem abrasadora e dormente
Vou-te recordar agora e apenas para sempre
Afinal esta paisagem não tem consistência plena
Capaz de fragilizar a espessura do meu coração
Habituado ao sonho cúmplice de uma paixão

Vejo-te convertida nos gestos desta paisagem
Sem esconderes teu corpo, vejo-te coberta com um véu
Regresso para adormecer neste quente dia de Verão
Feito por ti em seda de luz do fim dos tempos

Continuarei a ver-te sempre numa qualquer paisagem
Mesmo numa outra qualquer noite de pleno escuro
Aparecerás em silêncio num punhado de estrelas
Em palavras escritas em outro qualquer céu profundo


© Jorge Oliveira

Publicado no R. Letras em 03/04/2008
Código do texto: T928811

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