«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

POEMA QUE NÂO SE VÊ




























Anda traiçoeira a poesia
que a mim chega e arredia
da vida que paço e meço…
Confesso que não consigo,
por mais que sinta o desejo,
por mais que fale comigo,
eu sinto-a, mas não a escrevo.

Ao olhar a folha branca,
meus olhos lêem o nada
na mística escrita que sangra
em tom de mudez embalada.
Tropeçando na sombra e na luz
que ainda nunca transpus.

E os meus dedos me doem
de tanto escrever a minha alma
nas folhas que no incerto caem,
na vontade que não se acalma.

Ficam a escorrer segredos,
- Serão fluidos de medos,
da flácida tinta mole?
Que não se move, nem se lê
nas infinitas palavras em rol
do poema que não se vê?

Por tempo ou por medo…
um dia, sem poesia, já passou,
um novo está para vir
à espera de um novo dia
que ainda não chegou
(nem se sabe se há-de surgir!)

© Jorge Oliveira
Publlicado np R.Letras em 31/07/2008
Código de texto: T1106481
POEMA QUE NÂO SE VÊ

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