«que sentir é este sentir dos meus sentidos a sentir?»

«os sentidos são a engenharia da arte e o sentimento o projeto»

segunda-feira, 24 de março de 2008

O TESOURO






















Nesta noite fria mergulhei
Nas profundas águas de cristal
E desapareci no fundo do mar
Num afago de brisa transparente
Fui levado por mares e correntes
Até ao reflexo do um rosto perdido
(o mais belo de todos os encantos)
Explorei por cada canto o náufrago navio
Feito dos ramos de amendoeiras em flor
(Das mão de um pirata mouro
Que um dia se enamorou por uma princesa de neve)
Levado pelos peixes com asas de borboleta,
Encontrei um espelho de diamantes negros
Ornado de algas verdes e medusas brancas.
E… fez-se silêncio… caiu a respiração… o coração parou…!
Fui assaltado pelo azul do mar, quando enlevado fiquei,
Paralisado no reflexo de dois olhos,
Ora grandes, ora pequenos!
Mudavam em instantes: verdes, castanhos, azuis, negros…!
A rir ou a chorar eles estavam sempre a brilhar.
Eram jóias do tesouro já há muito perdido
Mistérios e segredos escondidos no evo
Resguardados pelas imensa luas, sóis e estrelas,
Adormecidos em cada noite pelo canto das sereias.
Noite após noite, dia após dia, tempestades e bonanças,
Deuses nos mares séculos andaram embarcados
Num desespero demente e inquieto para o descobrir
Rendidos à fatiga, desistiram de o procurar
E, porquê eu? Porque tive eu de o encontrar?
Eu que sou um simples pescador neste mar!
Encontrei no oceano duas gotas de água,
O tesouro onde tudo acaba e o amor se forma,
Escrito na areia branca em pétalas de rosa.


© Jorge Oliveira

Publicado no R.Letras em 08/04/2008
Código do texto: T936449
O TESOURO

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