
Acabo por negar
teu rosto
e neste encontro
recolho teu corpo
nesta tarde de chuva
Serpentes loucas
filhas das gotas de água
comungam a minha sede
e a tua nudez me espera
na janela do provir
O meu pensamento
agitado de silêncio
ouve ao longe
as notas do piano
de Pour Elise
Mas, os meus olhos!...
Os meus olhos bebem
o mistério da ilusão
Um cálice sussurrante
e quente de solidão
a penetrar pela garganta
na voz da razão
A chuva que cai
vai escorrendo pela janela
e vejo teu rosto nela
tentando limpar
meus pecados.
E o piano toca...
e nunca mais acaba…